quinta-feira, 10 de julho de 2014

Los hermanos e os “gringos made in Brazil”


10 de julho de 2014 | 11:04 Autor: Fernando Britosabella
Sofri para torcer pelos argentinos, no jogo de ontem.
Como todo mundo, também tenho tendência a sucumbir  à nossa estúpida rivalidade, embora tenha experimentado a maior simpatia pelos argentinos em todas as oportunidades em que estive em meio a eles.
Mas uma disputa de terceiro lugar entre nós e “los hermanos”  seria uma inócua e deprimente guerra fratricida.
E, com certeza, um peso imenso para um time humilhado e ofendido como o nosso.
Não que a Holanda, como se viu no jogo de hoje, vá ser um adversário fácil.
Mas vai reduzir o jogo ao que é, uma partida de futebol.
Porque parece que se perdeu completamente a vergonha de se entender as partidas de futebol da Copa como o que são, futebol.
Quase tudo o que se lê nas páginas de política dos jornais é um “quem perde ou ganha” com o desastre (unicamente esportivo) do jogo com a Alemanha.
Salvo exceções, como a de Janio de Freitas, hoje, na Folha, que cuida do desempenho do “time da mídia”   em relação ao Mundial.
Durante mais de um ano, demonizaram o governo e endeusaram técnico e jogadores.
Agora, tratam-os como, desculpem, um bando de leprosos, idiotas, e se dedicam a pedir a “técnicos estrangeiros” como forma de nos “salvar”  da “desgraça”.
O “expert” Carlos Alberto Sardemberg, na CBN e em O Globo, é direto: “importar (técnicos de futebol) é a solução“.
É sempre o que pensam: o Brasil e os brasileiros são arcaicos, um povo incapaz de produzir senão “matérias-primas” – como consideram os jogadores – mas não de processá-las, aprimorá-las, burilá-las.
Mais ou menos como acham que devemos fazer com o petróleo, com o ferro, pensam  que devemos fazer quanto às pessoas.
Não é apenas uma estupidez moral, também é uma estupidez esportiva.
Não me consta que Alejandro Sabella, o técnico da Argentina, seja “estrangeiro” e, pelo que sei, sua experiência européia se resume a um único ano em que foi auxiliar de Daniel Passarela no Parma italiano.
Nem que “los hermanos” tenham apresentado ontem alguma revolução tática.
Talvez a grande diferença seja exatamente o que tem na cabeça a elite deste país, que os nossos “hermanos” têm em grau muito menor: nosso complexo de inferioridade.
Não temos nada de inferior a povo algum, muito menos ainda em matéria de futebol. Ou melhor: talvez tenhamos, inclusive nisso: as elites dirigentes.

Do Blog TIJOLAÇO.

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