quinta-feira, 14 de agosto de 2014

PSB não tem saída a não ser lançar a presidente a candidata a vice


Com o país ainda em estado de choque em decorrência da morte do candidato Eduardo Campos (PSB), maior tragédia registrada numa campanha eleitoral e na história de uma eleição nacional, o mundo político de luto ainda se refaz, mas é uma questão de dias — daqui 9 dias no máximo,  que é o que determina a legislação eleitoral — e o PSB deverá lançar a candidatura da ex-senadora Marina  Silva à Presidência da República.

No novo quadro político, mudado de forma radical com a tragédia que levou um dos mais promissores políticos da nova geração, o PSB não tem outra alternativa a não ser transformar Marina em candidata ao Planalto. Ela é a substituta natural. Não foi candidata a presidenta quando fechou a parceria com o PSB dia 4 de outubro do ano passado porque a vaga já estava ocupada por Eduardo Campos, mas torna-se candidata agora pela fatalidade.

Apesar do recall de votos com que aparece em todas as pesquisas em que entrou o nome dela, resultado dos 20 milhões de votos que obteve como candidata ao Planalto em 2010, Marina não tem, no entanto, um caminho róseo, uma estrada fácil a percorrer pela frente como candidata.

Incógnita é como Marina vai superar resistências

Ela enfrenta — sempre enfrentou — resistências no PSB, que  a aceitou lá, mas a encarava, como diziam expoentes do partido ontem, apenas como parceira de um “casamento de conveniência”. E enfrenta resistência, também, de todo o vasto leque conservador brasileiro, dos ruralistas, do agronegócio, do mercado, de tudo o que está à direita. Não bastasse isso, terá de administrar resistência de grande parte da esquerda, também, que a vê como pouco pragmática e muito fundamentalista. Como ela vai enfrentar e superar isso tudo é a pergunta.

Além do mais, encontra um quadro fechado de alianças, coligações no Brasil inteiro, Estado a Estado, patrocinado por Eduardo Campos e  ao qual ela foi contra — a começar por São Paulo, o Estado que decide a eleição e no qual o PSB está coligado (como sempre e há 20 anos) com os tucanos.

Dá até o candidato a vice-governador na chapa da tentativa de reeleição de Geraldo Alckmin, o deputado Márcio França (PSB-SP). Sem contar Pernambuco, único Estado até agora onde o PSB tem chances reais de vencer o pleito, e embora tenha candidato próprio a governador, está coligado também com o PSDB. E por ai vai, Estado por Estado…

Quadro eleitoral Estado a Estado não é do gosto da candidata

Ela vai querer ou vai conseguir desmontar tudo isso a 53 dias da eleição? Tem até a questão da legislação. Já estão fechados os prazos de registro de candidaturas, salvo essa exceção em que ela entra, decorrência da morte do candidato a presidente.

A candidatura Marina, no entanto, mesmo com todas essas incógnitas é uma questão de tempo, ou melhor, de dias. Outra opção o PSB não tem. Há a possibilidade, ainda em aberto, de uma adesão do pessoal do PSB e orfão da candidatura Campos à reeleição da presidenta Dilma Rousseff, ou ao candidato tucano, Aécio Neves.

Mas aí, acaba a chamada 3ª via. E o PSB nem tem jeito de resistir muito a Marina e rejeitá-la como candidata a presidente, porque se não, é como pergunta o articulista Elio Gaspari, qual o sentido de tê-la aceitado lá, e de vice? Eles tem 10 dias para registrar o novo candidato(a).

Pesquisas podem ser decisivas na definição da candidatura

É preciso lembrar, também, que nessa definição da candidatura substituta à de Eduardo Campos terá imenso peso  a pesquisa Datafolha (e outras que surgirem essa semana) que o Instituto Datafolha registrou na justiça eleitoral e que já começa a fazer hoje e amanhã até a noite. O jornal anuncia que a pesquisa já será feita com Marina como candidata (e sem ela candidata).

E candidato a vice-presidente? De expressão? Eles não tem. Não nos quadros do PSB, da Rede Sustentabilidade e dos partidos aliados (eles tem poucos). Anunciam-se as primeiras mudanças nas estratégias de campanha dos outros dois adversários, Aécio e Dilma. Os tucanos são os mais preocupados.

Uma superexposição de Marina, agora, em função da candidatura a presidente e na esteira da tragédia da morte de Eduardo Campos pode derrubar facilmente o senador Aécio Neves do 2º lugar na disputa. E aí, se ele não correr e não conseguir se recuperar, alijá-lo de vez do 2º turno. O que o anima é que no trio de principais aspirantes ao Planalto ele é, agora, mais do que nunca,  o candidato dos conservadores. A ver, então, o que a direita fará para não perder com ele.

No Blog do Zé

Nenhum comentário: