domingo, 24 de agosto de 2014

UMA SEMANA DRAMÁTICA E TOME JOGO SUJO


Do Blog do Zé Dirceu - Por Equipe do Blog
Chega ao fim, hoje, uma semana tensa, talvez das mais dramáticas desde que se iniciou o processo eleitoral nacional lá atrás, ainda no ano passado, e à exceção da semana anterior, a da tragédia que matou o candidato do PSB ao Planalto, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Num quadro político que todos já previam e percebiam radicalmente alterado desde a hora em que se confirmou o desaparecimento de Campos, a ex-senadora Marina Silva assumiu seu posto de substituta, a candidatura à Presidência da República. Assumiu num ambiente de desconfiança, divergências e total falta de transparência com seus aliados.

O PSB mal esconde que não engole os métodos autoritários de sua nova candidata, o que ficou visível no avião que os trouxe de Brasília na 5ª feira à noite, onde se encontraram, por acaso, os dirigentes socialistas e a candidata e por pouco nem se cumprimentraram. Aquele avião que trouxe Marina a São Paulo, seu pessoal da Rede Sustentabilidade, integrantes da cúpula do PSB, e a dissidência do partido que acabara de romper com ela, foi o melhor retrato da situação do lado deles.

Marina, disposta a tudo, entrou no vale tudo

Marina assumiu disposta a tudo e, rapidamente, entrou no vale tudo. Comprometeu-se, pasmem, com os ruralistas, o agronegócio, e o mercado – leia-se com os bancos e o capital parasitário rentista financeiro. Claro, à espera de contribuições à campanha. Marina chegou ao ponto de jurar aceitar, caso eleita, dar autonomia ao Banco Central. No dia seguinte aquele a que assumiu, aparece em entrevista de página inteira na Folha de S.Paulo, com toda uma bela defesa de sua candidatura, sua porta voz, Neca Setúbal, principal herdeira, ao lado de mais seis irmãos, do Banco Itaú.

também do outro lado, o da oposição, o candidato do PSDB-DEM, senador Aécio Neves e todo o seu tucanato entraram em pânico. Já houve até reunião de emergência no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O que fazer, agora, perguntam-se os cardeais tucanos. O mineiro simplesmente desaba nas pesquisas começando pela terra dele e de José Dirceu – o ex-ministro é de Passa Quatro, nas Terras altas da Mantiqueira – Minas Gerais.

Lá rapidamente ele passou a empatar com a presidenta Dilma e Marina subiu para 20%, o mesmo se repetindo no Rio e em Braslia. Pior ainda no Sudeste. No Nordeste Aecio praticamente desapareceu. Resultado? Desesperado ele partiu parte para o vale tudo. Primeira coisa que fez foi jogar na lata de lixo, deixar de lado o discurso da austeridade e do choque econômico – das “medidas duras e impopulares” que vinha prometendo a empresários em ambientes fechados.

Aécio não age diferente, mas começa a desaparecer nas pesquisas

E, aí, promete tudo, da manutenção do Bolsa Família ao aumento da isenção de imposto de renda e ao fim do fator previdenciário; da desapropriação de terras para reforma agrária e demarcação de reserva indígena a mais gastos sociais e maiores salários; do anúncio de que cada região em ele esta será a prioridade número 1 de seu governo à distribuição de panfletos em São Paulo, garantindo que não pretende alterar a CLT – o oposto da flexibilização que prometia a empresários.

Enquanto as vagas tornam o mar cada vez mais revolto, a presidenta Dilma Rousseff, sua candidatura, consolida o sólido apoio que pode lhe dar a vitória. Com a propaganda na TV e no rádio, a presença do ex-presidente Lula a seu lado e permeando toda a sua campanha, e o início das viagens, a candidata-presidenta se consolida na 1ª posição e vê a avaliação de seu governo melhorar.

Todos estes fatos e mais o que se viveu no país essa semana em termos de corrida eleitoral estimulam a mobilização da militância e as campanhas para deputado, senador e governador.

Mídia é partido de oposição, mas “a verdade vencerá a mentira”, diz Lula

O ex-presidente Lula partiu para falar diretamente com o cidadão-eleitor e pôs o dedo no foco central da questão e da situação: a mídia atua como o principal partido de oposição no país, acusou ele. Fez, ainda, uma feliz mudança ao parodiar seu slogan de campanha de 2002 – era “a esperança vai vencer o medo” e ele cunhou agora que “a verdade vencerá a mentira”.

Melhor, ainda, da chegada destes tempos de propaganda eleitoral no rádio e TV, é que rompendo a barreira da censura da Rede Globo, a presidenta Dilma mostra o que fez e se prepara para apresentar sua proposta de um novo ciclo de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, na vida real, os salários e a renda crescem e desmentem a tese dos candidatos da oposição e de seus assessores e gurus econômicos, de que o arrocho e o desemprego chegaram. Pelo contrário os salários sobem mais que a inflação porque estamos, na prática, com pleno emprego.

Assim, a semana chega ao fim com a pior notícia que Aécio e Marina poderiam receber: a da queda da rejeição do governo e da melhora do ambiente econômico e da confiança – quando Aécio havia feito da propagação do pessimismo sua principal bandeira de campanha.

E a semana chega ao fim com o governo agindo, baixando dois pacotes econômicos, um sobre habitação, o outro trazendo mais crédito e medidas de microeconomia para aumentar a segurança jurídica do crédito e as garantias. Da parte do governo, um gol de placa. Do lado da oposição, brigalhada, desespero, pânico e um completo desnorteamento sobre como sair do mundo errático em que mergulharam.
 

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