sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Os lobos, o casco da tartaruga e os desafios de Dilma


Fernando Brito, Tijolaço  

"Velhos hábitos brizolistas levam a um ateu incorrigível a buscar, volta e meia, metáforas bíblicas para o que quero dizer.

“”Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.(Mateus 12:25)
Talvez nada defina melhor o que quer, mais do que o conservadorismo em si, a direita militante deste país.

E ela é a mídia e, agora, o segmento de classe média que perdeu o pudor da idiotia e da selvageria verbal e ideológica.

Está claro que aquilo que visam é a paralisia do país.

O primeiro passo foi, mal terminadas as eleições, contestar ou relativizar seus resultados das urnas que traduziriam uma derrota política dos preferidos pelo eleitor. Como disse Aécio Neves, “meu sentimento é de que  “aqueles que perderam são os vencedores”

Posta em dúvida a legitimidade do voto (não é o que disse Fernando Henrique?) avança-se na tentativa de dissolver moralmente o governo, auxiliado pela novidade da corrupção de empreiteiras, funcionários graúdos de estatais e (oh, que surpresa!) parlamentares.

Terrível, sim, ainda mais quando se dá na Petrobras, a mais importante de nossas empresas e dona tanto de um imenso patrimônio em jazidas quando de um conteúdo simbólico que transcende qualquer outro em carga de significado para os brasileiros.

Mas a partir daí inicia-se uma operação de sangramento da vida nacional que visa, antes de tudo, implodir no nascedouro qualquer chance de recuperação da atividade econômica brasileira por uma dupla via.

A primeira, a paralisação do Estado, que é o mais forte indutor, em países como o nosso, de investimentos, de emprego e de consumo, via renda.
A segunda, abalando a confiança do segundo maior indutor de investimentos, o investidor estrangeiro.

Tudo facilitado por um quadro de insegurança externa (fim do quantitative easing nos EUA, estagnação na Europa, redução de ritmo de crescimento da China, com implicações severas sobre o fluxo de capitais, as exportações e o preço das commodities).

Para enfrentar isso, o governo Dilma parece ter aberto mão da política e se recolhido ao mutismo de quem espera, recolhido, que passe a tempestade, como se ela fosse meteorológica.

Não é, é política, e clama por uma afirmação clara de que o país tem de sair da divisão bíblica que antevê a ruína.

É preciso afirmar à imensa maioria da opinião pública, que  não participa do jogo de poder oposição x governo, compreenda que a situação econômica só conseguirá recuperar os sinais positivos se não estivermos, todo dia, nos alimentando daquilo que é o caos do país virtual, feliz expressão com que Mino Carta definiu o país da mídia.

Por-se, como uma tartaruga, para dentro do casco à espera que a matilha sossegue é deixar que o país real, que vive, produz, trabalha e consome, sucumba àquele virtual, que afunda num mar de folhas de papel jornal e telas de computador e televisão."

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